Ao Sul da Quarentena: Impactos da Pandemia do Coronavírus na Vida das Mulheres no Brasil – Um Recorte de Gênero, Raça e Classe
Resumo
A pandemia da COVID-19 chegou ao Brasil no início de 2020, instaurando uma crise sanitária e intensificando a crise político-social que já assolava o país. Desemprego, fome e falta de leitos hospitalares são apenas alguns dos problemas que a população brasileira enfrenta. Tais problemas somados ao negacionismo e à ausência de medidas efetivas por parte do Governo Federal, já resultaram em mais de 620 mil vidas perdidas. Sobretudo, adverte-se que em uma sociedade permeada pela desigualdade, até mesmo uma doença viral - que, em tese, não escolhe as suas vítimas - atinge distintamente os grupos sociais, mostrando uma cruel “preferência” pelas pessoas mais marginalizadas. As pandemias não matam tão indiscriminadamente quanto se afirma. Enquanto alguns percebem a atual circunstância como uma oportunidade de crescimento, a falta de recursos, do outro lado,
escancara as consequências da desigualdade social. Neste cenário, são as mulheres as mais afetadas. A violência de gênero e as ramificações do sexismo já eram problemas enfrentados no cotidiano, mas em estado de exceção esses se agravam exponencialmente. Nesta perspectiva, o presente estudo visa demonstrar como a pandemia do coronavírus afetou e afeta as mulheres. Para tanto, contornando o senso comum, enfatiza-se que não só o recorte de gênero importa, mas também o de raça, identidade, orientação sexual, etnia, classe, de modo que são fatores essenciais para compreender a jornada de cada mulher. Portanto, por meio deste breve ensaio, busca-se compreender quais são as consequências da pandemia para mulheres no Brasil – em um recorte de gênero, raça e classe.