Reflexões frente ao modelo tecnicista de atendimento no campo da obstetrícia a partir de uma crítica a ciência e tecnologia
Resumo
O objetivo do presente trabalho é problematizar sobre o modelo tecnicista de atendimento pelos(as) profissionais de saúde no campo da obstetrícia a partir de uma crítica a ciência e tecnologia. Com base em uma pesquisa bibliográfica, se constatou que as interações entre profissionais de saúde e pacientes possuem uma estrutura hierarquizada e medicalizada do saber técnico-científico na assistência ao pré-natal, parto, pós-parto e/ou aborto, cujo uso arbitrário do saber e da autoridade podem controlar não somente a sexualidade e o corpo das pacientes, mas também as manifestações destas. A violência obstétrica pode estar ligada não somente a essa estrutura vertical, pois existem outras determinantes como gênero, raça e classe, que indicam a desigualdade entre homens e mulheres com o intuito de estabelecer diferenças de cunho biológico e predeterminado entre os sexos. Para compreender a violência obstétrica pode ser insuficiente somente frente ao conhecimento técnico-científico dos(as) profissionais de saúde, por isso é necessário que os estudos de gênero com uma perspectiva interseccional dialoguem juntos, visto que as determinantes podem apontar como o controle médico incidirá no atendimento obstétrico. Os estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) também podem ocasionar reflexões frente ao atendimento e das práticas no campo da obstetrícia a partir da crítica da tecnologia e da ciência, visto que estes estudos reivindicam um envolvimento mais inclusivo e democrático. Nesse sentido, a bioética e o biodireito podem ser um alicerce importante para incorporar no exercício do atendimento médico condutas acolhedoras, respeitosas e pautadas na dignidade da pessoa humana, a fim de que as gestantes, parturientes, puérperas e o bebê recebam uma assistência adequada e saudável.